Comunidade Sateré-Mawé: registro do conhecimento etnobotânico e simbólico de espécies nativas na comunidade Sahu-Apé, em Iranduba_Am.

Abstract

A etnobotânica contribui para o conhecimento científico das espécies vegetais, e seu estudo tem também como foco, a transformação do conhecimento fornecido pelos informantes para sua própria comunidade. Sendo utilizada como ferramenta para o resgate do conhecimento tradicional, bem como dos próprios valores culturais dos povos estudados. Os sujeitos dessa pesquisa são famílias residentes na comunidade Sahu-Apé, Am 070, distrito de Iranduba-Am. Nas décadas de 60 e 70, essas famílias saíram de suas terras, no Andirá Marau, em busca de melhores condições de educação e trabalho. Essa pesquisa teve como objetivo descrever a classificação etnobotânica das espécies nativas, reconhecendo seus diferentes usos representados nos saberes indígenas da cultura do Povo Sateré-Mawé, possibilitando o enriquecimento do Herbário do IFAM/CMZL. A investigação foi desenvolvida numa abordagem da pesquisa quali-quantitativa, permitindo maior interação entre os sujeitos da pesquisa e o pesquisador, assim como a sistematização da classificação etnobotânica e simbólica do uso das espécies, além disso, foram utilizados questionários de questões abertas e fechadas para coleta de dados. Foi feito o registro de 12 espécies de plantas nativas utilizadas pelos sateré com fins, medicinais, alimentícios e artesanais, dentre as principais coletas, a de maior valor simbólico para os Sateré- Mawé foi o guaraná (Paullínia cupana), símbolo de sua cultura. Outras espécies como a andiroba (Carapa guianensis), o jará (Leopoldinia pulchra) e o cumaru (Dipteryx odorata) também foram registradas. Esses registros demonstram que apesar das migrações dos indígenas sateré-Mawé para outras regiões e o contato contínuo com a urbanização, seus conhecimentos tradicionais a respeito das plantas não foram esquecidos e o uso das espécies nativas continua presente em sua cultura.