Narrativas (auto)biográficas, resistência e empoderamento: uma proposta para a formação de professores suleada pela práxis decolonial a partir da afroperspectiva

Abstract

O presente estudo foi desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Ensino Tecnológico do Instituto Federal do Amazonas, Campus Manaus Centro, na linha de pesquisa de Processos para a Eficácia na Formação de Professores e no Trabalho Pedagógico em Contextos de Ensino Tecnológico. A pesquisa emerge das experiências e vivências da pesquisadora e da compreensão desta quanto à urgência e necessidade de reflexões e ações com foco na formação docente em perspectiva étnico-racial. Nesse contexto, o objetivo geral da pesquisa consiste em discutir as experiências e vivências docentes e propor uma formação docente ancorada em uma abordagem pluriversal, antirracista e decolonial para professores(as) da Educação Básica. Desse modo, buscamos refletir a temática em questão, com foco em contribuir com a prática docente, desde uma perspectiva orientada pela ruptura com a herança do processo civilizatório colonial europeu, que ainda estrutura a sociedade brasileira. Para desenvolvimento da pesquisa e construção do produto educacional, nos orientamos em uma perspectiva da pesquisa qualitativa, ancorada nas narrativas (auto)biográficas, com o aporte teórico das ideias de Delory-Momberger (2006, 2012), Freire (2009, 2016, 2017), Gomes (2008, 2017, 2019, 2023), Goodson (2019), Josso (2006), Minayo (2017), Rufino (2019, 2021, 2023), Souza (2008, 2011, 2015, 2016) e Nóvoa (1992, 2009, 2023). Tais ideias contribuíram para um diálogo/reflexão quanto às potencialidades da educação antirracista e da construção de propostas formativas que favoreçam a ressignificação das práticas docentes em perspectiva étnico-racial a partir da escuta, experiências, memórias e saberes docentes. Nossa pesquisa dividiu-se em dois momentos, de modo que, no primeiro, utilizamos as cartas pedagógicas como ferramentas para produção de dados que contribuíram com a construção da proposta de formação docente. Por meio dessas cartas, os professores narraram suas trajetórias e compartilharam conhecimentos que nos ajudaram a reforçar a importância da oferta de aprendizagens em uma perspectiva étnico-racial nos processos educativos desenvolvidos na escola e formação docente. O segundo momento consistiu na construção e valiação/validação do produto educacional. Tal produto, intulado ateliê biográfico, foi submetido à avaliação de Comitê Ad Hoc,composto por docentes de diferentes níveis de ensino e áreas de formação e ativistas do movimento negro. O processo de avaliação/validação ocorreu através da leitura e análise do produto educacional orientada por um formulário, cujo processo trouxe contribuições para reformulação de alguns aspectos da formação docente proposta, favorecendo seu aprimoramento. Considerando a análise do Comitê, concluímos que nosso produto educacional tem grande potencial para contribuir com a construção de uma formação docente horizontal e uma reconstrução de práticas docentes orientadas por uma proposta antirracista, decolonial e pluriversal. Em vista disso, esse movimento permitiu aos professores, participantes da pesquisa, refletirem sobre suas trajetórias e como produzirem seus conhecimentos em circulação, com vistas ao acolhimento de saberes, vozes e outras formas de ser e estar no mundo.